quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"Flanelões" em Mogi das Cruzes

Segue matéria publicada ontem no jornal Diário de Mogi:


"'Dia destes, um dos flanelinhas que ficam no entorno do Mercado Municipal agrediu um dos meus alunos, que acabava de sair do carro, com um tapa na cabeça. Quando ele subiu para ter aula, o guardador de carro ainda gritava feito louco'. O relato de Marcos Furlan, dono de uma academia no Centro de Mogi, representa apenas mais um dos casos de intimidação constatados por comerciantes que dizem estar perdendo clientes por conta da abordagem agressiva aos motoristas.

A presidente da Associação dos Boxistas do Mercado Municipal, Celma de Deus Pinto, diz que só a fiscalização efetiva poderia acabar com a ação dos flanelinhas. "Enquanto a Polícia está aqui, o pessoal vai embora. Há um mês, não tinha ninguém, mas foi só o policiamento afrouxar que eles voltaram. É sempre assim, não adianta", conta ela, informando que aos domingos, o problema piora. "São vários deles que agem por aqui. Eles brigam entre si, xingam e falam palavrões", descreve Celma, que confirma a agressão sofrida pelo aluno de Furlan e ainda dá mais detalhes. "O rapaz levou um tapa por se negar a dar RS 5,00 ao guardador. Agora, dizem, estão até estipulando um valor. Se o dinheiro é pouco, eles reclamam", fala.

Nossa reportagem flagrou a ação de um destes flanelinhas. Eles ficam no meio da rua esperando alguém com intenção de estacionar. Um deles, que se identificou como James, literalmente se joga na frente do veículo, insistindo para que o motorista pare na "sua área". Quando a pessoa se recusa, eles a intimidam.

Conforme levantamento divulgado pelo comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar Metropolitana (BMPM/M), tenente-coronel José Francisco Braga, pelo menos 40% dos flanelinhas que atuam nos principais pontos da Cidade possuem antecedentes criminais e parte deles inclusive por furto de veículos. Mas o número pode ser maior. "Em geral, estes indivíduos não praticam o crime, mas servem de informantes, dando informações para quem vai furtar", diz.

Segundo Braga, a abordagem da Polícia foi reforçada. Ele diz que o resultado disso refletiu nas estatísticas. "No começo do ano, tínhamos algo em torno de cinco furtos de veículos por dia. Já no mês de agosto, estamos contabilizando uma média de dois crimes deste tipo a cada dia", revela, informando que a corporação não pode fazer nada enquanto não houver flagrante. Ele diz que uma forma de acabar com o problema seria a adoção de um cadastro dos flanelinhas.

Esta sugestão do coronel já foi enviada à Prefeitura em forma de indicação de projeto de lei pelo vereador Expedito Ubiratan Tobias (PR). De acordo com Tobias, a intenção é mudar a imagem negativa que o flanelinha tem. "A atividade vai continuar a mesma, mas eles serão uniformizados e cadastrados", conta.

Os comerciantes não concordam com a ideia. Tanto Furlan quando Celma dizem que isso só iria legalizar a ação deles, dando respaldo para que continuem coagindo os motoristas que tentam estacionar no Centro da Cidade. Para a presidente interina da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), Tânia Fukusen, os serviços dos guardadores são desnecessários e causam transtornos. "Nos lugares onde há estacionamento rotativo, por exemplo, não existe necessidade de ter flanelões. Isso porque os mogianos já pagam por este serviço. Entretanto, é uma realidade de Mogi que estas pessoas estejam espalhadas pelas principais regiões do Município e, já que este tipo de atividade existe, é melhor que elas sejam devidamente cadastradas, para sabermos quem são. Mas é fundamental que exista fiscalização, para que os cidadãos se sintam seguros e tenham seus direitos protegidos", avalia.

Questionada sobre a proposta do vereador, a Prefeitura, por meio da Coordenadoria de Comunicação, informou que 'é preciso primeiramente analisar esta indicação e os termos propostos no documento para depois de manifestar mais detalhadamente a respeito'."



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