domingo, 10 de junho de 2012

Falta de planejamento mantém população refém dos flanelinhas no nordeste do País

Figuras presentes em muitas ruas de Fortaleza, os chamados flanelinhas ainda causam muitos problemas aos motoristas da Capital cearense.


 A ausência de uma organização na forma de atuação dos lavadores e guardadores de carros deixam muitos condutores reféns da má conduta de alguns profissionais que atuam nesse mercado informal.

Desde 1975, existe uma lei federal que exige que todos profissionais que atuem como lavadores e guardadores de carros sejam registrados na Delegacia Regional do Trabalho responsável pela área.

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRT/CE) explica que essa determinação, em Fortaleza, ainda não é cumprida de forma rigorosa pela falta de planejamento sobre quais pontos seriam viáveis para atuação dos flanelinhas. A SRT/CE indica que a inexistência de um sindicato de flanelinhas em Fortaleza dificulta a realização desse cadastramento.

Para o estudante Thiago Andrade, um dos principais problemas é quando há a cobrança de dinheiro de forma adiantada. Ele revelou que já discutiu com um homem que dizia ser flanelinha numa via próxima ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, no bairro Praia de Iracema. Andrade contou que, ao estacionar o carro, o guardador visivelmente alterado pediu três reais adiantado, mas o estudante preferiu não entregar o dinheiro.

Com medo de que o homem se irritasse e provocassse algum dano no veículo, decidiu estacionar o carro em outra vaga. "Ele dizia que queria comprar quentinha. Como não entreguei o dinheiro, dei um pacote de biscoito, mas ele começou a gritar e jogou os biscoitos em outro flanelinha de colete que chegou lá", diz.

O militar Bruno Lima também já sofreu com a ação de flanelinhas na Praia de Iracema. "Quando deixei o carro numa rua próxima ao aterro, o guardador pediu 10 reais. Falei que só dava depois. Quando voltei, o pneu do carro estava furado", conta.

Câmara Municipal O vereador Irauguassú Teixeira (PDT) levou para a Câmara Municipal, ainda em 2010, um projeto de lei que regulamentava a atuação dos lavadores e guardadores de carros em Fortaleza. O documento, porém, foi rejeitado pela Comissão de Legislação, Justiça e da Cidadania por ser de competência da União e por se tratar de uma aplicação já normatizada pela legislação federal ainda em 1975.

Cadastramento do 4º DP De acordo com o titular do 4ºDP, delegado José Muguba Neto, o número de registros de Boletins de Ocorrência de pessoas vítimas de roubo diminuiu após o cadastro dos flanelinhas que atuam nos bairros Dionísio Torres, São João do Tauape, Piedade, Pio XII, Joaquim Távora e Bairro de Fátima. A mapeamento começou em 2009 e constatou que 30% dos que já trabalhavam como flanelinhas tinham antecedentes criminais. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a ação não é levada para outras regiões, porque não teria a mesma efetividade, pois os problemas de segurança nos outros bairros são de outra ordem.

Novo Código Penal O anteprojeto do novo Código Penal que prevê o aumento da pena para flanelinhas que agirem de forma violenta, provocando constrangimentos aos conduores foi aprovado no fim do mês de maio. As especificações do tipo de trabalho dos lavadores e guardadores de carros, porém, ainda são inexistentes. Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário