quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tenente sugere solução para o problema dos flanelinhas


O tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - Dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) publicou no jornal Norte de minas um interessante artigo sobre os guardadores clandestinos. Segue a íntegra do texto:

No vácuo do exercício da autoridade pelos titulares dos poderes públicos, o "flanelinha", ou "guardador de veículos" tornou-se uma praga nacional. Durante muito tempo as autoridades o toleraram diante do demagógico entendimento de que o país estava em crise e era melhor ele estar ocupado em guardar veículos do que obrigado a roubar para sobreviver. Diante das esfarrapadas desculpas, a atividade instalou-se e hoje tem, em São Paulo, até um sindicato que promete conferir legalidade e segurança jurídica para o seu exercício.

Nas grandes e médias cidades brasileiras - especialmente nas proximidades de repartições, casas de espetáculos, praças esportivas e outros pontos de grande afluência de público - ninguém consegue estacionar seu veículo sem ser extorquido pelo flanelinha que, muitas das vezes, dita o preço e ameaça o compelido cliente. Até nos locais onde há a cobrança de Zona Azul, somos obrigados a também pagar os guardadores para não termos o veículo riscado, pneu furado ou represália pior. Ele se apossou do nosso direito de utilização das vias públicas, que deveria ser garantido (pelo poder público) mediante o pagamento dos impostos. Há casos de prefeitos, vereadores e outros políticos demagogos que, mesmo sabendo da inconveniência e da injustiça da atividade para com toda a população, ainda pretendem oficializar o flanelinha.

Está no momento de aproveitar o bom desempenho da economia brasileira para resolver o problema em caráter definitivo. Em vez de fazer vistas grossas ao tal guardador de veículos que, na verdade, só cobra mas não guarda absolutamente nada, o poder público e as entidades sociais deveriam direcioná-los para o trabalho em atividades realmente necessárias e legalizadas.

Apesar de termos um grande contingente de desempregados, o mercado informa a existência de milhares de vagas para pedreiro, pintor de paredes, jardineiro, marceneiro, garçon, padeiro e outros profissionais que se formam com treinamento básico. Os flanelinhas deveriam ser encaminhados para cursos de treinamento juntamente com os demais desempregados deste país e, com isso, estaríamos resolvendo dois problemas: o da falta de profissionais basicamente treinados e o da existência dos trabalhadores ilegais das vias públicas. Nesse contingente também poderiam ser incluídos camelôs e biscateiros que vivem do subemprego e, via de regra, são explorados por contrabandistas e outros criminosos e contraventores.

Temos um país de economia forte que agora registra a falta de braços para diferentes atividades. Nada mais adequado do que carrear para essas atividades os indivíduos que hoje sobrevivem de atividades ilegais e, muitas vezes, carecem até da caridade do povo para garantir o pão de casa dia.

O flanelinha e o camelô de hoje podem ser o profissional de sucesso de amanhã. É preciso pensar e investir nessa idéia...

3 comentários:

  1. O Comandante Celso Franco, o maior especialista em trânsito do Estado do Rio de Janeiro publicou no jornal do Brasil um interessante artigo sobre os guardadores e flanelinhas. Segue a íntegra do texto:

    Em janeiro de 1967, premido por dificuldades financeiras, tomei a dolorosa decisão de passar para a reserva do serviço ativo da Marinha. Procurei minha saudosa amiga, deputada Yara Vargas, colocando-a a par de minha decisão e enfatizando a necessidade do governo Negrão de Lima, de colocar alguém no Detran capaz de manter a mesma eficiência da excelente administração do coronel Fontenelle, no governo Lacerda. Com a aceitação de minha sugestão, face ao Plano Diretor para o Trânsito que apresentei, iniciei a minha preparação para enfrentar o novo desafio, aprofundando-me nos estudos e pesquisas sobre o tema trânsito urbano, enfocando o Rio.
    Nessas pesquisas, interroguei um guardador de automóveis, de meia-idade, sobre o que achava da novidade de colocarem, como guardadores, estudantes universitários nos estacionamentos recém-criados na Avenida Presidente Vargas.
    Respondeu-me de maneira sucinta e definitiva: - Nenhum deles tem os cinco filhos que eu tenho para criar e educar.
    Ao assumir o Detran, em junho de 1967, encontrei os estacionamentos do Rio com a sua operação e guarda divididas, com uma coexistência pacífica, entre o Estado, através a Fundação dos Terminais Rodoviários, e a Associação dos Guardadores Autônomos, em sua maioria de meia-idade ou da terceira idade. Ao estabelecermos uma comissão técnica que priorizou a fluidez para criação e o regime de funcionamento das áreas legais de estacionamento - inclusive criando o rotativo, controlado por disco, como em Paris - sugeri a oficialização dos guardadores autônomos, dando-lhes o status de pessoa jurídica, com direitos e deveres, além da criação de um sindicato. Com a instituição do sindicato e a oficialização de seu trabalho, desde então prestam serviços de maneira irrepreensível.
    Estarrecido, assisto agora à desordem que se estabeleceu nos estacionamentos, no que concerne à sua localização e regime de funcionamento, a par do tolerante descalabro do estacionamento irregular.
    Como clímax deste triste espetáculo, a usurpação, por concorrência, do filé mignon dos estacionamentos, na Zona Sul, por uma firma que, até agora, não demonstrou nem competência, nem idoneidade, para exercer o que se propunha a fazer.
    O impasse está criado, com sérios prejuízos para o usuário e o erário público.
    Espero que, pelo menos neste caso, deste grave problema social, a CET-Rio não mantenha o seu contumaz comportamento, de Pilatos no credo em relação aos problemas do trânsito, que infernizam a vida do habitante do Rio e, dando justiça a quem dela tem sede e, por isso, são bem-aventurados, segundo nos ensinou Jesus Cristo. No Sermão da Montanha. Fonte: JB/ONLINE - Celso Franco

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  2. Hoje, ao chegar em casa, me deparei com um flanelinha que colocou uma cadeira na frente do portão do meu prédio, que fica em uma rua residencial na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), onde não está instituída cobrança de vagas pela prefeitura, não há placa nenhuma. Me senti tão invadida que parei o carro, abri o vidro e perguntei ao flanelinha se ele tinha talão. Ele respondeu que não porque não tinha placas da prefeitura. Eu retruquei e disse que estava errado ele estar ali cobrando as pessoas e ele me perguntou se eu era "alguma coisa". Eu falei que sim, que sou moradora da rua e cidadã e ele: "Mas eu não cobro de moradores". Eu: "E que diferença faz, é ilegal do mesmo jeito, não é?" Ele: "É, mas eu só to cumprindo ordens. Tenho vergonha de fazer isso e quero sair, mas to cumprindo ordens." Eu: "De quem?" Ele: "Do supervisor." Eu: "É, tem que ter muita vergonha mesmo!" Penso eu, que supervisor será que é esse? Da milícia? Eles já tomaram as favelas e agora querem tomar os bairros também? E a prefeitura não está nem aí... é o maior descaso! E depois dizem que não têm poder de polícia, claro que temmmm sssiiiimmm!!! E é um poder-dever, não é uma faculdade deles. Até parece que somos nós que servimos ao governo e não ele que foi instituído para nos servir! É óbvio que pode E DEVE ser feita alguma coisa... o problema é que tem gente lucrando com isso e que está tomando conta da cidade do Rio de Janeiro. E o Poder Público nem liga.
    A questão é que não deveria sequer haver estacionamento rotativo legalizado, uma vez que já pagamos muitos impostos. É uma vergonha existir concessão do espaço público à CET-Rio. O estacionamento nas ruas deveria ser livre de cobranças (na verdade não é, porque, como disse, já pagamos impostos, que são cobranças compulsórias). Ou, melhor dizendo, deveria ser livre de cobranças extras. O Brasil não evolui por inúmeras questões como essa, porque é um país demagogo, onde autoridades se aproveitam da péssima situação financeira da maior parcela do povo, para lucrar mais. Ou seja, a condição precária do povo é a desculpa para continuar assim, para legalizar uma "profissão" que não deveria existir, porque o poder público é quem deveria exercer essa função. O mercado está precisando tanto de mão-de-obra, pois a economia está aquecida, mas pergunta para um flanelinha se ele quer ficar batendo cimento e suando a camisa ou se ele quer estudar? Ele não quer, só quer ficar alí sentado na sombra, extorquindo os outros, porque é infinitamente mais fácil. O problema é que as pessoas não querem trabalhar. Quantas pessoas honestas conheço que empregam gente e dizem que seus funcionários não querem trabalhar, que só querem ganhar um salário. Também, a política atual do governo é a de que todo mundo tem direito a um salário, independentemente de trabalhar (vejam o bolsa-família). Isso está deseducando o povo mais ainda! As pessoas estão acomodadas e encostadas. E a parcela da população que tem uma condição boa, porque não tem preguiça, trabalha muito e paga todos os impostos, agindo assim com honestidade e cidadania, é mais explorada ainda com a cobrança dos impostos (que para mim, é quase confisco) e quando não há exercício regular do poder pela administração pública. O "poder" desta só é exercido para extorquir e desviar a verba arrecadada com os impostos, que é utilizada para fins de interesses individuais daqueles que se acham no poder. E nos sentimos impotentes. Até quando esse sistema vai funcionar assim? Será que sempre teremos que aguentar tudo isso? Será que esse sistema se sustentará, ou melhor, será que nós sustentaremos esse sistema eternamente?

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  3. Realmente os camelôs e sacoleiros merecem uma chance, mas ladrão depois que começa a roubar pega gosto pela coisa, aí só mesmo matando. Bandido não tem recuperação, isso é discurso de crente. Nem justificativa, isso é discurso de viúva do Che Guevara.

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