“A maioria das pessoas dá dinheiro para a gente como se fosse esmola”. Foi deste modo que o lavador de carros Carlos Henrique da Conceição, 42, falou quando a equipe do Portal Infonet o abordou para conversar sobre o trabalho dos flanelinhas na capital sergipana. Carlos trabalha há 25 anos próximo a Assembleia Legislativa de Sergipe, e é um dos vários guardadores de carro que se utilizam da profissão para sobreviver.
Para ele, ser lavador de carro é um trabalho digno e precisa ser mais valorizado. “Acho desrespeito, desconsideração e humilhação receber R$ 0,25 ou R$ 0,50 das pessoas. É uma falta de compreensão”, declara Carlos Henrique, que alega que 40% das pessoas o olham com desconfiança, e 20% o xingam.
Jorgenaldo dos Santos, 38, também flanelinha, é outro que gosta do que faz. Ele contou que começou a trabalhar deste de criança para sustentar a família, e desde então, não largou mais a profissão. “Trabalho no estacionamento da área dos Mercados e consigo ganhar mais aqui do que com outro emprego”, disse o guardado de carros que afirmou ganhar entre R$ 300 e 400 por mês.
Porém, ele revelou a outra face do trabalho. “Apesar de tudo, sofremos muita humilhação, pois às vezes pagam muito pouco ou jogam o dinheiro no chão para que possamos pegar. Além disso, fico chateado quando pedem para olhar o carro e não pagam nada quando vão embora”, contou.
Auria Alves é a favor do trabalho dos flanelinhas
Motoristas
Estimular o trabalho dos flanelinhas é um tema que sempre levanta polêmica. Há quem diga que o trabalho deles é válido, e que merece ser remunerado, mas há também quem discorde e não goste de incitar este tipo de prática. Este é o exemplo do advogado Marcelo Barbosa, que é a favor da realização de campanhas para retirar os flanelinhas das ruas. “Eles monopolizam as vias e em algumas vezes querem nos obrigar a pagar uma quantia pré-estabelecida”, alegou Marcelo.
Já a corretora Auria Alves, não se opõe ao trabalho dos guardadores de carro, mas faz algumas ressalvas. “Não gosto quando há estipulação de preço e sei que eles não observam os carros quando deixamos no estacionamento”, expôs.
Regulamentação
Recentemente a equipe do Portal Infonet flagrou uma confusão envolvendo flanelinhas e um taxista. Na ocasião, o motorista foi estacionar o carro entre as ruas de Propriá e Laranjeiras, e os lavadores de carro não queriam permitir que o veículo ficasse em um determinado local, visto que achavam que aquele espaço era destinado apenas para a realização de seus trabalhos. Por conta do impasse, houve uma briga entre o taxista e os flanelinhas, que estavam munidos com pedras, pedaços de madeira e de ferro.
Confusão envolvendo taxista e flanelinhas
Após a visualização do ato, resolvemos esclarecer algumas questões quanto à regulamentação do trabalho exercido por guardadores e lavadores de veículos. De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho, a profissão foi regulamentada em 1975, por meio da Lei n° 6.242, e pelo Decreto n° 79.797/77, e há um registro que deve ser efetuado no Ministério do Trabalho e Emprego.
Apesar da iniciativa do órgão, apenas 11 registros profissionais foram concedidos a flanelinhas sergipanos, que regularam sua situação apresentando alguns documentos, a exemplo de certidão negativa dos cartórios criminais de seu domicílio, e uma prova de identidade, CTPS e comprovante de residência.
Fonte: Infonet
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