Flanelinhas cercam igrejas em dias de casamento e cobram estacionamento de convidados em Santos

Olha a nave, olha a nave!”. Os gritos de figuras de camiseta e bermuda entre um amontoado de engravatados e mulheres com seus melhores longos servem de alerta: Aproxima-se um carro mais caro para o casamento na igreja do Embaré, em Santos.

Isso significa a possibilidade dos flanelinhas de elevar o preço do estacionamento regulamentado por eles mesmos, que gira em torno de R$ 20 e R$ 30. Apesar de não ostentarem roupas de grife, como os convidados, eles são os donos do pedaço.


Reportagem acompanhou chegada de convidados na Igreja do Embaré, em Santos

Neste sábado, em frente à igreja do Embaré, eles andavam de um lado para outro com os braços levantados, a pé ou de bicicleta. Ao avistarem uma seta piscando, já indicavam com as mãos o local para estacionar.

“Me tiraram R$ 20”, reclama um convidado que veio de Itariri. Ele garante que se sentiu intimidado e achou melhor entregar o valor estipulado pelos próprios flanelinhas a arriscar a lataria, os vidros ou os pneus do carro. Porém, ele sabe que poderia ser pior. “Meu enteado desembolsou R$ 30”, revela.

Por volta das 18 horas, cerca de cinco flanelinhas comandavam o estacionamento nos arredores da igreja do Embaré, mesmo com a presença de agentes da Companhia de Engenharia e Tráfego de Santos (CET).

“No meu caso, ao menos, não estipularam o preço. Dei o valor que quis”, diz sem querer comentar mais o assunto um outro convidado, enquanto se ouve mais a frente “Olha o Idea, olha o Idea”, referindo-se a mais um motorista que seria cobrado.

Pouco tempo depois, uma Base Móvel da PM se aproximou e instalou-se na Praça em frente à igreja. Coincidentemente, os flanelinhas sumiram. Não se sabe, porém, se foi a presença da polícia ou o estacionamento já vazio e o fim dos clientes que fizeram com eles saíssem do local.


Flanelinhas foram flagrados intimidando convidados e cobrando estacionamento

Segundo os policiais da Base informaram, nos fins de semana aumentam as denúncias em relação a atuação dos flanelinhas, perto de igrejas que realizam casamentos. A presença daquela base aliás, informaram eles, era por conta deste problema.

Na igreja Coração de Maria, mais flanelinhas enfiando-se no meio da rua para indicar vagas de estacionamento. “Eles já abordam de uma forma agressiva. Pediram de R$ 20 a R$ 30, mas eu dei o valor que eu quis, dizendo que era para ajudar”, conta o convidado Adílson José Ferreira.

Secretaria

Segundo o secretário municipal de Segurança de Santos, Cláudio Marques Trovão, apesar da questão da presença dos flanelinhas nos casamentos (e de uma forma geral) ter sido discutida na última reunião do Conselho de Segurança, os números de queixas na Ouvidoria não são grandes.

“Essa discussão passa pela regulamentação da profissão, o que ainda divide opiniões”. Diante do impasse, diz o secretário, tanto a Guarda Municipal quanto a Polícia Militar reforçaram a presença nos locais.

fonte A Tribuna